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29 de agosto de 2012

Madalena Moog - 2001 EP ( 2011)




2001. Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke idealizaram-no mais pródigo do que ele foi, realmente. Na gestação da Madalena Moog, foi aí também que tudo começou: a viagem temática dos nossos experimentos sonoros. E ela também (noutro sentido, evidentemente) foi além do que idealizamos, na época. Parece que isso é bem comum, afinal.

“2001” não foi pensado como EP; não era, muito menos, algo feito para ser mostrado ao público. As músicas, gravações bem caseiras e experimentais, eram apenas... gravações bem caseiras e experimentais. Nada planejado para divulgação, etc. Foi em referência a Kubrick e Clarke que elas recebem os nomes “retrô-futuristas”, evocando o passado que assentava-se no presente, mas desencantado - como na frase inicial de “Aqueles que Vivem no Céu” (em inglês, naturalmente), repetida e a repetir-se, perdendo-se em seu silêncio espaço-espacial: “Alguém está chorando agora, e está chovendo.” E nos também nos distanciamos; mas ainda não nos perdemos.
2001 foi um ano difícil; emblematicamente marcado pelos ataques às torres gêmeas, na ilha de Manhattan, coração financeiro de Nova York: o World Trade Center. Lembro bem daquela manhã do 11 de setembro. Eu dava uma aula de Introdução à Sociologia, e a diretora pediu licença para interromper, dizendo: “Gente, estão jogando aviões sobre os Estados Unidos, um monte deles...” Eu somente pensava em uma Terceira Guerra Mundial. Tinha relido a graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen, bem recentemente. E lembrava de uma música, da banda gaúcha, Engenheiros do Hawaii: “Quando eu abro a janela, quando eu vejo o jornal / Eu vejo a cara dela, a Terceira Guerra Mundial / Jogam bombas em Nova York..." As referências se multiplicavam. E do que veio depois de tudo, todos já sabem bem.
É verdade que o primeiro registro sonoro da Madalena (sem o Moog, na época - seria acrescido em 2006, quando eu fui morar em Porto Alegre) somente sairia em 2002, com o lançamento de um EP homônimo. Antes, porém, essas gravações caseiras, usando um velho teclado Yamaha PSR 620, ligado a não sei quantos pedais, assomado a bancos de madeira (como no caso de “Aqueles que vivem no céu”) e tudo o mais que produzisse algum som. Tratava-se de um “vamos ver como é que fica”. E o que ficou é o que você pode ouvir aqui, no “2001”. Dê um desconto quanto à qualidade, fique com o som, sem preconceitos.
Como você poderá notar, muita coisa mudou de lá para cá e, sinceramente, espero que para melhor. Seja como for, trata-se de um presente (estamos fazendo 10 anos de banda, entre hiatos e reticências) àqueles que gostam da banda, e que não conheciam ainda este seu lado mais, digamos, obscuro – da época em que a Madalena era a banda de um homem só: yo. Apertem os cintos; boa viagem!

Patativa Moog, em setembro de 2011

Set

01 - Aqueles que Vivem no Céu
02 - Voyager
03 - Júpiter & Seus Satélites
04 - Cressid's Love
05 - Espirais CCs

Download



Observação. Como já foi dito, as gravações são caseiras (feitas em Kakewalk) e, como tal, requerem alguns “descontos dos ouvintes”. Todas as músicas são de Patativa Moog (oi!), e todos os instrumentos são tocados por ele (rsrs...), exceto o baixo elétrico em “Júpiter & Seus Satélites”, gravado por Edy Gonzaga, depois (parece que em junho de 2002).

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